18 de junho de 2005

Não é surpresa

Toda a gente diz que é um processo mais ou menos inevitável de evolução no pensamento político. A única que me surpreendeu foi a forma que levou.

É verdade, parece que estou a começar a tender para a direita. E só reparei nisso quando me pûs a pensar bem no fascínio que me vem criando aquele Sul rebelde da Guerra Civil Americana.
Bem sei que é um fascínio impregnado. Se sinto fascínio é porque eram rebeldes, porque não queria conquistar nada que não fosse o direito a viverem como queriam, lá no sítio onde tinham nascido. E isso não é nada de direita.
Mas atrai-me aquele espírito honrado, aquele brio orgulhoso de homem e mulher do Sul. Atrai-me até (e aqui é que o direitismo não se esconde) aquele modo de vida que se tira ao campo, aquele ritmo marcado pela plantação de algodão.
Plantação do algodão? Isso invoca a miserável escravatura, o calcanhar de Aquiles da minha pequena sedução. Posso até mentir-me, dizer que é uma coisa datada, que o anacronismo desculpa tudo. Não desculpa.
Mesmo assim, vou continuar a gostar do Sul das fardas escanzeladas, do Billy Reb apaixonado pela Georgia ou pela Virginia, que um dia também quero conhecer... só um intantinho antes de dizer que não merecia ganhar. E que belo instante que talvez será.

Carlos Miguel Maia