A Gripá
Enquanto se agendam novas calendas, sigo deste lado.
E sigo com a notícia que acho que estarreceu toda a gente com mais de um neurónio desocupado, a de que morreu a primeira pessoa em Portugal com gripe A. Se há coisa que eu abomino é o phony hype. É um conceito que me gela o coração.
Eu compreendo bem que, em tempos de vacas magras, o dinheiro das companhias farmacêuticas pareça muito tentador para os meios de comunicação social tradicionais, principalmente os jornais, que vivem dos anúncios que ainda se queira colocar ao lado de notícias requentadas que, por defeito, aconteceram ontem, pelo menos, se é que não aconteceram no fim-de-semana passado. Mas daí a desperdiçar o pouquíssimo capital de respeito e credibilidade que ainda têm, parece-me ceder demasiado. Perder algo que se constrói ao longo de anos por causa do orçamento trimestral é sempre algo cujas consequências se devem medir.
A não ser que tenha acontecido a materialização de algo que já se regista desde que se começou a falar da doença: o facto de não queremos ficar na cauda da Europa também no raio da "gripá".
Ao princípio foi a ânsia do primeiro caso. A Espanha já ia em largas dezenas quando o primeiro infectado foi descoberto em Portugal e os jornalistas, visivelmente, sofriam com isso. Depois, à medida que outras pessoas foram ficando engripadas (que é disso que se trata, não esqueçamos), passou-se o foco para a eventual primeira morte.
Parece que a falta desse dado era quase uma vergonha nacional. Já quase todos países do mundo tinham registado pelo menos uma pessoa engripada que tinha morrido de outra coisa qualquer, alguns até registavam casos de pessoas que, tendo outros factores com complicassem, tinham morrido da própria gripe. Nenhuma menção aos casos (centenas de milhares deles, naturalmente) de pessoas que morrem em Portugal, ao longo do ano, das outras mais variadas doenças, incluindo a própria gripe. E eu sempre estou para ver se esta estirpe tão maligna da doença vai ultrapassar a estimativa de 1961 casos de pessoas que morreram em 2008 por causa da gripe normal.
Mas respiremos de alívio, finalmente saímos da cauda da Europa também neste indicador. Agora que já morreu alguém depois de um transplante renal rejeitado, com múltiplas complicações e que, sorte a nossa, lá tinha apanhado a gripá. Agora sim, já não somos menos que os outros, já temos um país a sério.
E sigo com a notícia que acho que estarreceu toda a gente com mais de um neurónio desocupado, a de que morreu a primeira pessoa em Portugal com gripe A. Se há coisa que eu abomino é o phony hype. É um conceito que me gela o coração.
Eu compreendo bem que, em tempos de vacas magras, o dinheiro das companhias farmacêuticas pareça muito tentador para os meios de comunicação social tradicionais, principalmente os jornais, que vivem dos anúncios que ainda se queira colocar ao lado de notícias requentadas que, por defeito, aconteceram ontem, pelo menos, se é que não aconteceram no fim-de-semana passado. Mas daí a desperdiçar o pouquíssimo capital de respeito e credibilidade que ainda têm, parece-me ceder demasiado. Perder algo que se constrói ao longo de anos por causa do orçamento trimestral é sempre algo cujas consequências se devem medir.
A não ser que tenha acontecido a materialização de algo que já se regista desde que se começou a falar da doença: o facto de não queremos ficar na cauda da Europa também no raio da "gripá".
Ao princípio foi a ânsia do primeiro caso. A Espanha já ia em largas dezenas quando o primeiro infectado foi descoberto em Portugal e os jornalistas, visivelmente, sofriam com isso. Depois, à medida que outras pessoas foram ficando engripadas (que é disso que se trata, não esqueçamos), passou-se o foco para a eventual primeira morte.
Parece que a falta desse dado era quase uma vergonha nacional. Já quase todos países do mundo tinham registado pelo menos uma pessoa engripada que tinha morrido de outra coisa qualquer, alguns até registavam casos de pessoas que, tendo outros factores com complicassem, tinham morrido da própria gripe. Nenhuma menção aos casos (centenas de milhares deles, naturalmente) de pessoas que morrem em Portugal, ao longo do ano, das outras mais variadas doenças, incluindo a própria gripe. E eu sempre estou para ver se esta estirpe tão maligna da doença vai ultrapassar a estimativa de 1961 casos de pessoas que morreram em 2008 por causa da gripe normal.
Mas respiremos de alívio, finalmente saímos da cauda da Europa também neste indicador. Agora que já morreu alguém depois de um transplante renal rejeitado, com múltiplas complicações e que, sorte a nossa, lá tinha apanhado a gripá. Agora sim, já não somos menos que os outros, já temos um país a sério.
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