14 de dezembro de 2006

First Lady

Ainda me lembro,
e é a tudo o custo que faço por não me esquecer,
do tempo em que o Presidente e a Primeira Dama só emprestavam o seu Alto Patrocínio à execução e exposição de obras maiores, a concertos de música clássica, a coisas realmente belas.

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Alguém uma vez disse-me que a Laura Pausini funcionava uma espécie de mensagem de esperança para as cabeleireiras.
Se lei c'è l'ha fatta, anche tu c'è l'ha puoi fare
, dizia-me.
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No outro dia liguei a televisão na SIC Notícias e, ao ver aquela mise ocupando a quase totalidade do êcrã de 17 polegadas, fui imediatamente transportado para esse universo pausiniano:
- Sabe, este presépio não foi um artista. Este aqui vem de uma senhora lá de ao pé de mim, e foi todo feitinho à mão!

Que delícia. A nossa first lady está a usar o Palácio de Belém para mostrar a sua colecção de pequenos presépios que as pessoas lhe vão oferecendo ao longo dos anos que tem durado a sua vida inútil. E eu não acho isso bem.
Sinceramente, se está errado pensar que é o povo que se deve aproximar do nível da Primeira Família e não é a Primeira Famlília que se deve reduzir à dimensão do povo (e logo a mais rasteira),
então eu não quero estar certo. Então talvez eu não pertença a este sítio.

Até porque estas coisas das first ladies são um pouco como a vida sexual.
Cada um tem a que merece.