6 de dezembro de 2006

vento

A chuva estava a cair sobre a cidade como um bênção leve. Virei-me para a Rua do Alecrim e senti o vento que vinha do rio ou do mar. Era mais forte e mais fresco que o ar e a chuva que o rodeavam e fez o chapeu de chuva saltitar de um medo ignorante.
Mantive-o sem custo entre os dedos da mão, acalmei-o.
Há muito tempo que não sentia esta tremura, esta quase-saudade de qualquer coisa de que me vou (vão?) esquecer não tarda muito. Esta quase-vontade de não me esquecer.

E foi nessa altura que me veiram à cabeça as implicações religiosas de uma vela inchada só de um lado.