9 do 9 do 9 do 9
9/06 - A Viviana liga-me, depois de três dias de reflaxão, dizendo-me que a nossa relação está acabada. Nesse dia odiei-a, como nunca a tinha amado antes.
A partir desse dia, o meu destino passou a ser meu.
9/07 - No aeroporto, viro as costas voluntariamente a uma vida onde ainda está tudo por fazer. Deixo, no solo português, uma lágrima por cada momento em que desisti de fazer aquilo que queria, por cada momento em que senti remorso.
Deixo o meu país com o peso da montanha que tenho que superar. Mas sinto-me leve, como alguém que cumpre um desejo secreto.
9/08 - Viajei sozinho por uma ilha amarela escura, enfrentando todos os medos que me vinham à cabeça. Perdi-me em cidades que conheci só de noite, dormi em vales de templos desertos de gente, caminhei por entre correntes de gente deserta de tempo. Perdi cada batalha comigo mesmo.
Chorei lágrimas da cor da terra e quando o sono era o meu único refúgio, vigiei e esperei por ser mais forte
até que fui.
Depois voltei.
Um mês depois de sair de casa, tenho um quarto alugado numa paralela do Corso Buenos Aires, em pleno centro de Milão, um emprego num dos restaurantes mais movimentados da cidade, uma namorada, Viviana, que me vem buscar de vespa para irmos ao cinema durante o meu intervalo entre o almoço e o jantar e para me levar a casa e passar a noite comigo depois de cumprido o dia. Tenho roupa nova que visto porque gosto, tenho cds novos que oiço porque são belos, tenho tudo porque quero.
9/09 - Começo a escrever o meu diário enquanto espero por saber o próximo passo. Nem a Viviana pode dizer que vem para Lisboa, nem eu posso dizer que poderei ficar longe dela. As respostas não surgem quando quero, só as perguntas.
Mas o meu diário começo-o. Começo-o porque quero. Porque desde o que me aconteceu faz hoje 3 meses, só faço aquilo que quero.
A minha vida é um acto deleitoso, corajoso, muitas vezes errado,
muitíssimo meu,
de volição.
Carlos Miguel Maia
A partir desse dia, o meu destino passou a ser meu.
9/07 - No aeroporto, viro as costas voluntariamente a uma vida onde ainda está tudo por fazer. Deixo, no solo português, uma lágrima por cada momento em que desisti de fazer aquilo que queria, por cada momento em que senti remorso.
Deixo o meu país com o peso da montanha que tenho que superar. Mas sinto-me leve, como alguém que cumpre um desejo secreto.
9/08 - Viajei sozinho por uma ilha amarela escura, enfrentando todos os medos que me vinham à cabeça. Perdi-me em cidades que conheci só de noite, dormi em vales de templos desertos de gente, caminhei por entre correntes de gente deserta de tempo. Perdi cada batalha comigo mesmo.
Chorei lágrimas da cor da terra e quando o sono era o meu único refúgio, vigiei e esperei por ser mais forte
até que fui.
Depois voltei.
Um mês depois de sair de casa, tenho um quarto alugado numa paralela do Corso Buenos Aires, em pleno centro de Milão, um emprego num dos restaurantes mais movimentados da cidade, uma namorada, Viviana, que me vem buscar de vespa para irmos ao cinema durante o meu intervalo entre o almoço e o jantar e para me levar a casa e passar a noite comigo depois de cumprido o dia. Tenho roupa nova que visto porque gosto, tenho cds novos que oiço porque são belos, tenho tudo porque quero.
9/09 - Começo a escrever o meu diário enquanto espero por saber o próximo passo. Nem a Viviana pode dizer que vem para Lisboa, nem eu posso dizer que poderei ficar longe dela. As respostas não surgem quando quero, só as perguntas.
Mas o meu diário começo-o. Começo-o porque quero. Porque desde o que me aconteceu faz hoje 3 meses, só faço aquilo que quero.
A minha vida é um acto deleitoso, corajoso, muitas vezes errado,
muitíssimo meu,
de volição.
Carlos Miguel Maia
1 Comments:
Confesso que não li tudinho no teu blog, mas fiquei impressionada...
Tens imenso jeito para a escrita. Outra porta aberta se o jornalismo não for um caminho fácil.
(A propósito, quem está a fazer este comentário sou eu, a Catarina, (do Cenjor). Estou a fazê-lo "anónimo" para não ter de me registar.)
Até um dia destes
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