31 de julho de 2006

Armado às aliterações

O sinal mais sonoro de que se está sozinho
é o silêncio.

11 de julho de 2006

Zizou, il va marquer!

Zinedine Zidane é, por ventura, o melhor jogador da sua geração, incluindo aí todos os que jogaram durante a última década do século passado e a primeira deste. E, no entanto, parece ter sido o jogador que melhor passou ao lado do frenesim mediático em que se transformou a vida dos melhores jogadores do mundo.

Mesmo fazendo parte do flop que foi a equipa dos galáticos, Zizou terá sido aquele que melhor passou ao lado das controvérsias e até ganhou um lugar no coração dos madrilistas. Isso é algo que, em última análise, nem Beckham, nem Ronaldo, nem Figo o poderão dizer. Mas se Zidane esperava acabar a sua carreira como o príncipe perfeito dentro e fora das quatro linhas, mais uma vez se veio a provar que a natureza humana não é dada a essas coisas da "perfeição".

A confirmar-se o que se vai dizendo por aí, a forma como o melhor jogador do mundo terminou a carreira não foi mais do que o reflexo intenso dos dois aspects que dominam as nossas sociedades: a guerra contra o terrorismo e a omnipresença dos media.

Zinedine Zidane, à altura um jogador muitíssimo experiente, foi enganado por um insulto estranho que, à primeira vista, até podia fazer rir se não fosse um reflexo do mundo pós-on-going-war-on-terrorism. A verdade é que Materazzi terá chamado sporco terrorista ao frances de origem argelina e essa passou a ser, hoje, o pior forma de insulto que se pode usar.

Zinedine Zidane, à altura um jogador muitíssimo experiente, também devia saber que uma transmissão de um jogo pela televisão, principalmente se quer se acessível por via digital terrestre, implica que os 3 ou 4 jogadores mais importantes terão uma câmara em cima de si em permanência. Isto serve para que o fã mais acérrimo lhe possa acompanhar todos os movimentos. É só mais uma das vertentes do voyerismo-tipo-reality-show e Zidane já devia sabê-lo.

A FIFA, uma organização de malfeitores, não quer admitir que o quarto árbitro (que tem um televisor à frente a passar as imagens recuperadas pelo realizador da cabeçada de Zidane) possa ter sido influenciado pelo video. Mas a verdade é foi o quarto e o quinto árbitros quem decidiram a expulsão e se o fizeram pelas imagens na televisão, fizeram-no muitíssimo bem.

Se existe aqui o risco de o verdadeiro árbitro de uma partida passar a ser um realizador de televisão, é algo a que nos temos que habituar. Os realizadores de televisão já dominam tanto do que sabemos e pensamos, que nem sequer seria assim tão drasticamente diferente tê-los como árbitros de futebol.

10 de julho de 2006

Siete voi! Siete voi!

i campioni mondiali siete voi!

Fui ver a final do campeonato do mundo ao Centro Cultural Italiano em Bruxelas, no meio daquele povo tão dispar entre si mas tão diferente dos outros todos. De um lado os nervos mal contidos de uma milanesa que sofria em silêncio, do outro uma autêntica lição de romano de um adepto irreprimível...
"Malouda, Malouda, la banana non ce l'ha" foi do que de mais simpático disse dos franceses.

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O Verão de 1990 em Itália foi marcado por duas coisas: os seis golos Schillaci no Italia 90' e uma música, Un'estate italiana, hino oficial da competição e da ambição dos azzuri ao título. A campanha do Totò e companhia viria a acabar nas meias-finais, nos penaltis, às mãos de um guarda argentino um pouco excêntrico, chamado Goikoetxea, que dançava com as asas abertas em cima da linha de golo.

Mas se a campanha acabou ali, a canção ficou entalada nas gargantas italianas, milanistas e romanas sem distinção.

E ainda Fabio Grosso aterrava do seu voo até às estrelas, depois do pontapé vencedor, ainda a bola saltitava dentro da baliza de Barthez, e já as gargantas de toda a gente naquele sítio despiam-se daquelas palavras

notti magiche
inseguendo un goal
sotto il cielo
di un'estate italiana

e negli occhi tuoi
voglia di vincere
un'estate
un'avventura in più.