30 de março de 2009

Europa

In my journeys,
I've come to realise that the only things that bring Europeans together are
lowfare companies,
the Erasmus student exchange program
and the UEFA Champions League.

Go Reds!
Força Puarto, até os comiemos bibos!

Commitment

Há muita discussão e, ao mesmo tempo, terrivelmente pouca. Há uma série de piadas, de comentários e depreciações que se fazem de quem quer muito discussão, mais ainda. Dizem-se três graçolas batidas em sucessão em sucessão rápida e despromove-se quem não se resigna a um bando de idealistas, de sonhadores, de loucos, de inconsequentes, de desajustados, de inúteis.

Depois há quem não se contente em discutir. Quem já veja claro o que está no final dessa estrada e saiba que não viver as consequências desse sentimento é como não viver de todo. Essas pessoas, que receberam a convocatória em casa, que têm o passaporte, que vivem, já dizia alguém, acabam normalmente por ser mortas.

But the fact remains that there is more than one way to kill our planet.

Humanity has long been imune to clashes of a larger scale. Show a large mushroom cloud on TV and people will not stand for it. Show an army of a million marching down a square, and a million of us will take up arms.
Our fathers have always proud themselves on the fact that they created the key to give life and to take it way, they built the mightiest of the swords, they even brandished it and then didn't use it. They pride themselves on having built the red button to then not press it. But the fact remains that there is more than one way to kill our planet. There is one way that does not require a gruesome decision, a spectacular explosion, a ruthless spite for the lot of us. There is a way of just doing nothing, of ignoring those who say that we have ten years (on the outside) to decide to not destroy the planet. And the fact remains that we have done nothing, because "nothing" is not gruesome, it is not explosive, it does not kill the planet and everyone on it all at once (yes, because, in the greater history of the planet we may well just be a hiccup). Doing nothing merely bites our lives way, piece by piece, drop by drop, second by second. And humanity has never ever risen against a threat that did not pose itself, that had to be confronted by a choice, a decision. Not until it was too late.

Now we're at the brink of it all. Our generation has come to this point where business as usual is just criminal, plain and simple, where the cycle of bubbles is no longer acceptable, because we can simply no longer afford their burst. There is no sword in our hands, no red button blinking that we can choose not to press. This time, and for here on in, we must not only decide to not kill everything, we must choose life.

27 de março de 2009

Sampa (versione italiana)

A palavra certa é: satisfatório.
Não com a acepção actual de ser meramente "suficiente", mas porque "me dá satisfação". Aquela satisfação de quem não teria dito melhor.

25 de março de 2009

Cadeia alimentar

Acabou a viagem de Sua Santidade a Angola e com ela uma espécie de ciclo de visitas que começara precisamente com a do Presidente de Angola a Portugal.
Pelo meio houve a calorosa recepção de José Sócrates em Cabo Verde e a vinda dos reis da Jordânia ao nosso país.


Nunca me deixei embarcar pela conversa de que se o Benfica ganhava 2-0 ao Belenenses e depois o Belenenses ganhava 1-0 ao Porto, isso era sinal que o Benfica era capaz de espetar três secos no FCP. Mas, neste caso, não sei até que ponto não se poderá aplicar essa matemática linear.

A verdade é que achei um pouco desconcertante toda a ginástica que o Presidente José Eduardo dos Santos teve que fazer para que Sua Santidade se sentisse bem recebida em Angola. Principalmente depois dos verdadeiros números de contorcionismo que as autoridades portuguesas fizeram para que o Presidente de Angola se sentisse importante quando esteve cá.

Mas é assim a natureza das coisas: cada um tem que saber que lugar ocupa na cadeia alimentar. Tem mais é que aprender a encher o peito para a arraia-miúda e a rapidamente esvaziá-lo quando passa um tubarão.

Urge

O-oh, I feel that urge to speak and write in foreign languages again.
This can't be good.

24 de março de 2009

Semana dos aviões caídos

Depois da semana dos bebés mortos, parece que agora entramos na semana com muitos acidentes de avião.

Mas, desta vez, a minha irritação com a criação de realidades ficcionais por parte dos jornalistas levou-me a fazer algo que tomou 5 minutos do meu tempo mas que não me lembro de ver algum desses pequenos realistas imaginários tentar: investigar.

E lá está: esta semana não estão a cair os aviões todos, como na semana passada não estavam a morrer os bebés todos. Se forem aqui, vão perceber que, para além dos acidentes noticiados ontem e hoje, já aconteceram mais 34 acidentes na aviação civil, este ano, conquanto ainda estamos na sua 12ª semana. Para a média nem é preciso fazer grandes contas, o número total de acidentes este ano, 36, a dividir pelo número de semanas, dá uma média redondinha de três acidentes por semana, o que faz deste suposto "aumento em tão poucos dias" um desses mitos criados para ocupar o ar.

A minha irritação nem sequer vem do facto de os jornalistas quererem emular os grandes autores sul-americanos e africanos do século passado, justapondo mitologias crioulas muito coloridas e telúricas a realidades importadas e cruéis. O meu problema com tudo isto, é que o fazem sem dizer que o estão a fazer, como se o mito fosse a verdade, e (e esta é a minha irritação suprema) sem a mais ínfima réstia que seja da imaginação e da qualidade desses grandes.

É que os jornalistas da nossa praça não são propriamente um Mia Couto ou um Gabriel Garcia Marquez.

Alinhamentos Televisivos - 23.03.09

Alinhamentos Televisivos:
RTP - 20:00
Desemprego
Sporting abandona a Direcção da Liga
Mourinho recebe doutoramento Honoris Causa

SIC - 20:00
Sporting abandona Direcção da Liga
Mourinho Honoris Causa
Desemprego

TVI - 20:00
Sporting abandona Liga
Sr. Doutor Special One
Habitantes de Setúbal já estão habituados aos sucessos de Mourinho
(... e ao desemprego, suponho eu)


Como é que, no dia em que se anuncia um aumento de 70700 desempregados só no último ano e em que a ERC fecha a porta a um quinto canal de televisão em sinal aberto por incompetência dos dois candidatos (se ao menos tivesse havido uma ERC com esta coragem em 1992), os jornais televisivos abrem com um penalti mal assinalado?

19 de março de 2009

Knot

Partiu-se a minha pulseira, fita, fio, seja lá o que lhe queiramos chamar.
E só nesse momento é que me lembrei que era um lembrete, a única peça de mundo que esteve presente em rigorosamente cada momento dos últimos 4 anos. Uma olimpíada.

O fio tinha sido dado de presente quando saí da Oikos e de Portugal. Não invocava nenhuma divindade, se bem que pudesse colocar a ideia de um planeta sem pobreza na aura das Ideias que não lhe pertencem.

Mas o que me fez deter foi ter-me, só nessa altura, apercebido que este pedaço de polyester viveu comigo em 2 casa diferentes, sem considerar outras arrumações mais temporárias que a minha vida teve, e que atravessou comigo algumas fronteiras nacionais. Que, mais que tudo isso, sentiu-me o pulsar enquanto atravessava outras, menos definidas. Que viveu com duas pessoas e que aprendeu uma língua comigo.

Assistiu a todas as promessas incumpridas, a todos os planos desfeitos, a todas as juras inconsequentes, a todas as desculpas, a todos os recuos, a todos os regressos,
mas também a todas as partidas.

E agora, que me sombra o problema do que fazer com ela, só me apetece reatá-la ao pulso esquerdo, talvez com mais força.

17 de março de 2009

Rania

Tive a oportunidade, que o Centro Norte-Sul, onde estagiámos em tempos, me concede todos os anos, de presenciar a entrega dos Prémios Norte-Sul deste ano.

E não é tanto pelo facto de se ter menosprezado o contributo ímpar do ex-Presidente Jorge Sampaio, co-laureado, para o diálogo e o estreitamento dos laços de interdependência entre o Norte e o Sul.

Não é tanto o facto de se pegar numa mulher palestiniana, que estudou nos melhores institutos americanos do Kuwait, deteve um lugar executivo na Apple Computers e se tornou na face do país mais moderada do Médio Oriente e de uma força para a paz, e tratá-la como uma modelo.

Não é nem sequer o esgar de surpresa quando se percebe que ser "ocidental" e ser "árabe" não são mutuamente exclusivos.

O que me irrita nos meios de comunicação portugueses é que uma fantástica oportunidade de falar de abertura e de tolerância, do que nos une e do que ainda nos separa, se perdeu na silhueta de um vestido branco.

"No ocidente e no oriente, as pessoas dizem que é necessário fazer um esforço, que estão empenhadas em conhecer melhor o outro. O problema é que estão sempre à espera que seja o outro a dar o primeiro passo."
Rania Abdullah

"O global é o local sem os muros".
Miguel Torga, citado por Jorge Sampaio

16 de março de 2009

Dream job

Não é tanto a questão de ele fazê-lo tão bem.
É mesmo o facto de ele ter o meu emprego de sonho.

13 de março de 2009

Momento WTF do dia


Já vem com atraso, eu sei, mas a vida não pára. Refere-se a declarações prestadas por Manuel Alegre, no dia 10 de Março, sobre as relações que Portugal deve manter com o Presidente de Angola. Para Alegre, o Pres. José Eduardo dos Santos tem feito um bom trabalho no país até porque "as coisas não se fazem de um dia para o outro" e o próprio "D. Afonso Henriques também não era um democrata exemplar".

É verdade que é raro uma democracia nascer de um dia para o outro. Houve uma que nasceu na noite de 24 para 25 de Abril de 1974, mas isso é um caso de excepção.
E concordo com o deputado poeta do PS quando aponta para o facto de, pelos padrões do Séc. XII, o contributo do Presidente de Angola ser absolutamente visionário*.

* Infelizmente não encontrei uma boa tradução portuguesa para a palavra groundbreaking, que se aproxima mais daquela ideia de sismo de que estava à procura.

12 de março de 2009

Number

Há momentos assim,
em que conseguimos perfurar uma parede ao murro,
em que, mais do que caminhar sobre nuvens, parece que os nossos pés possuem a terra que pisam,
em que somos fisgados por mil olhares na rua
e só nos apetece responder: Oh take a number, dear, would you please?

10 de março de 2009

Homofobia

Não tenho por hábito comer gajas só porque sim, muito menos para lhes fazer figurar o escalpe no cinto.
Não tenho medo ou pejo de apontar que um homem é bonito quando o vejo na rua.
Gosto de cozinhar e há quem pense que até levo jeito.
Se tivesse mais dinheiro, preocupar-me-ia melhor com aquilo que visto e com o meu corte de cabelo, mas não posso dizer que me preocuparia mais. Gosto, aliás, de associar estas últimas três características àquilo a que o Gabriel Alves chamaria a "escola italiana de futebol".
Para além de tudo isto, diz quem já viveu comigo que gosto de usar o duche para assassinar êxitos da música pop dos anos 90, um em particular da Toni Braxton, com o meu "falsete estranhamente agudo para um homem". Sempre achei meio difícil assassinar um nado-morto, mas isso agora também não vem ao caso.

Para finalizar, acho que a última réstia de homofobia só desaparecerá no dia em que nem gays nem straights usarem tudo isto para tirarem conclusões sobre a minha orientação sexual.

Procastination



That must be why I like long songs. They're the perfect excuse to give myself, the nicest way to endulge my tendency for procastination.

8 de março de 2009

Podologia

Sempre me entreteve uma piada do Rowan Atkinson sobre os pés. Nem sei bem porque a atribuo a Rowan Atkinson porque não tenho a certeza de onde a ouvi e o Balck Adder, o nome que mais depressa saltaria à cabeça, não me parece o espaço mais adequado; mas adiante.

Imagino, portanto, o Rowan Atkinson a discorrer contra a ideia de que cada parte dos pés corresponde a uma parte do corpo e de todas as maleitas deste último poderem ser curadas através de uma vigorosa massagem nos primeiros.

Ora, acontece-me que, tal como o personagem que imagino em Rowan Atkinson, a minha maleita está localizada precisamente nos pés.

2 de março de 2009

D10S


Vendo este documentário sobre Maradona, apercebi-me de uma coisa.

Num mundo em que ser celebridade não é particularmente difícil, o que realmente distingue os deuses dos outros é a capacidade de deixar uma marca no zeitgheist.
A verdade é que, por muito que as TVIs deste mundo nos queiram iludir do contrário, por cada milhão de Zé Marias, há-de aparecer um só Elvis, uma só Marilyn que mal sustém as saias, um só penteado à Kennedy, um só passeio atravessado por Beatles, uma só maquilhagem à Piaf ou mesmo um só "Obrigado, muito obrigado!" à Amália Rodrigues. Enquanto que os outros acabam por se esboroar como grãos de tempo na areia dos séculos, os verdadeiros mitos conseguem entrar no "imaginário colectivo". E fazem-no pela única forma que há de entrar em "imaginários": com uma imagem que capture o símbolo em que o homem se tornou.

Pois é isso mesmo que faz de Diego um ser especial. El Pibe d'Oro, Diegol, Barrilete Cósmico ou simplesmente Dios, Diego Armando Maradona já entrou no zeitgheist com imagens que cheguem para fazer uma equipa de futebol.

1 de março de 2009

Denominadores comuns


É demasiado fácil comparar Milão ao Porto. O espírito empresarial e empreendedor, a cultura tradicional, fundado no negócio familiar, a absoluta simetria das relações e complexos de inferioridade em relação às capitais mais a sul; é tudo demasiado fácil.

Mas o que finalmente me fez desistir de tentar não ver a comparação como redutora foi o facto de, assim como a alcunha dos "tripeiros" estar associada à delicacy (ou falta dela) mais típica da cidade, os milaneses serem conhecidos no resto da Itália como "polentoni".