26 de setembro de 2009

Liga dos Últimos: MMS

(Este post será, na prática, escrito em duas línguas, sendo cada uma usada onde e enquanto a achar mais plástica. Live with it).

Algumas regras da política valem para todos os aspirantes a partido:
1. There is only space for one scrappy insurgency.
2. A melhor maneira de um partido pequeno crescer é fingir que é grande. If you dont have it, fake it until you make it.

Na Liga dos Últimos dos partidos portugueses (a futebolização da política está aí para durar, com gritos como: "Allez Portas, allez, nós somos a tua voz..." quem sou eu para a contrariar?) destacaram-se dois novos movimentos, candidatos a scrappy insurgency: o MMS e o MEP. E ambos falharam, de maneira que nem uma scrappy insurgency tivemos.

Ainda assim, na tabela dos que mais longe ficaram de fazer aquilo a que se proposeram, o MMS "merece" uma menção honrosa, não fosse o movimento estar fundado no "mérito". Um partido pequeno não deve ter como bandeira o facto de não se ouvirem os "partidos pequenos" porque, por maioria de razão, estarão a lembrar no final de cada frase que são um "partido pequeno", com todo o terrível estigma de "irrelevância" de que dificilmente se alguma vez se conseguirão livrar. You need to fake it, until you make it.

E o que dizer das acções de campanha propriamente ditas? Foi do mais confrangedor, a começar pelo percalço da "Conchichina", abundantemente detalhado aqui ou, mais recentemente, aqui. A partir de agora, pelo menos para os que se importam, o MMS será sempre lembrado como o movimento das palavras quase certas que o povo diz mal de qualquer das maneiras, aquele pessoal da "mortandela", de "espilrar", de "trelze" ou a ideia de que o "goal average" não é a média de golos. Tudo coisas de "partido pequeno".

Depois, e seguindo na maravilhosa senda da futebolização da política, aquela ideia de impugnar as eleições nos tribunais associou-os imediatamente àquele "pequeno" candidato do Benfica que levou tentou a mesma coisa só para agora ser "o gajo que levou uma coça do Vieira e de que ninguém se lembra o nome".

Toda a campanha do MMS se resumiu, para mim, na última acção de campanha que pude (não tive alternativa) acompnhar, ontem em Lisboa. No Marquês de Pombal, uma caravana de carros com as bandeiras azuis do movimentos começou num carrocel interminável de buzinas. A certa altura, uma senhora que passava perto de mim, acossada por aquele frenesi infernal tapou os ouvidos. A imagem de alguém que, perante uma acção de campanha, tapa os ouvidos (as acções de campanha, pelo menos no meu tempo, costumavam ter o objectivo oposto) foi quase uma epifania.

24 de setembro de 2009

A Gripá

Enquanto se agendam novas calendas, sigo deste lado.

E sigo com a notícia que acho que estarreceu toda a gente com mais de um neurónio desocupado, a de que morreu a primeira pessoa em Portugal com gripe A. Se há coisa que eu abomino é o phony hype. É um conceito que me gela o coração.

Eu compreendo bem que, em tempos de vacas magras, o dinheiro das companhias farmacêuticas pareça muito tentador para os meios de comunicação social tradicionais, principalmente os jornais, que vivem dos anúncios que ainda se queira colocar ao lado de notícias requentadas que, por defeito, aconteceram ontem, pelo menos, se é que não aconteceram no fim-de-semana passado. Mas daí a desperdiçar o pouquíssimo capital de respeito e credibilidade que ainda têm, parece-me ceder demasiado. Perder algo que se constrói ao longo de anos por causa do orçamento trimestral é sempre algo cujas consequências se devem medir.

A não ser que tenha acontecido a materialização de algo que já se regista desde que se começou a falar da doença: o facto de não queremos ficar na cauda da Europa também no raio da "gripá".

Ao princípio foi a ânsia do primeiro caso. A Espanha já ia em largas dezenas quando o primeiro infectado foi descoberto em Portugal e os jornalistas, visivelmente, sofriam com isso. Depois, à medida que outras pessoas foram ficando engripadas (que é disso que se trata, não esqueçamos), passou-se o foco para a eventual primeira morte.

Parece que a falta desse dado era quase uma vergonha nacional. Já quase todos países do mundo tinham registado pelo menos uma pessoa engripada que tinha morrido de outra coisa qualquer, alguns até registavam casos de pessoas que, tendo outros factores com complicassem, tinham morrido da própria gripe. Nenhuma menção aos casos (centenas de milhares deles, naturalmente) de pessoas que morrem em Portugal, ao longo do ano, das outras mais variadas doenças, incluindo a própria gripe. E eu sempre estou para ver se esta estirpe tão maligna da doença vai ultrapassar a estimativa de 1961 casos de pessoas que morreram em 2008 por causa da gripe normal.

Mas respiremos de alívio, finalmente saímos da cauda da Europa também neste indicador. Agora que já morreu alguém depois de um transplante renal rejeitado, com múltiplas complicações e que, sorte a nossa, lá tinha apanhado a gripá. Agora sim, já não somos menos que os outros, já temos um país a sério.

7 de junho de 2009

Ao lado

Meio ano passou desde que comecei a aventar as minhas hipóteses sobre quem seriam os melhores do mundo da actualidade nas modalidades em que mais me reconheço. E, passado esse tempo, os facto fizeram o excelso favor de me contrariar cada análise.

Primeiro foi a derrota, que teve tanto de inesperada quanto de irrevogável, dos Cavs de LeBron James diante dos Magic na final da Conferência de Leste da NBA. E, se bem que LeBron tenha desencantado os melhores números dos playoffs e da temporada, o antecipado confronto com os Lakers de Kobe, nas finais da NBA, ficou suspenso por mais um ano.
É que ser o melhor terá que, no futuro, será o melhor passa por deixar os colegas serem excelentes. Nenhum jogador sozinho pode chegar a um título. O próprio Kobe sabe que os títulos que atingiu no passado, incluindo o que se arrisca a ganhar esta temporada (terá este sido o meu "beijo da morte"?) só aconteceram porque tinha Shaq ao lado nos dois primeiro e Pau Gasol ao lado no último (e neste). O seu jogo pode ser brilhante, mas o que há de mais brilhante nele é a sinergia que conseguiu criar com certos jogadores fortes nas tabelas e com quem consegue diversificar a ameaça ao adversário.
Quanto de Michael Jordan não estava na química (uma química diferente, é certo) que levou Scottie Pippen também ao seu melhor?
LeBron tem material na sua equipa para construir um vencedor de campeonatos. Mo Williams, o base titular, tem sido apontado como o tal "robin" de que o protagonista precisava, e com toda a justiça. O que falhou na série com os Orlando? Para além de problemas óbvios nos confrontos directos em cada posição, onde os Magic apresentava consistentemente jogadores mais altos e fortes, principalmente nas posições interiores, falhou Mo. E falhou LeBron, que de tanto querer levar a equipa às costas, substituia-se vezes se conta a ela, em jogadas sucessivas que começavam e acabam em si e a que a defesa de Orlando, comandada pelo Defendor do ano, Dwight Howard, foi sabendo dar resposta. Na medida em que Mo brilhar, na medida em que LeBron deixar Mo Williams brilhar, na medida em que king James trouxer ao de cima o que há de melhor no resto da equipa se fundarão as esperanças dos Cavs na corrida ao título do próximo ano.



Hoje mesmo, deu-se a machadada final nas minhas aspirações a comentador desportivo. Apesar de me declara afecto ao campo de Rafael Nadal, foi o "fed express" a alcançar o objectivo que perseguiam os dois: suceder a André Agassi na empresa de conseguir a vitória nos quatro torneios do Grand Slam ao longo da carreira. É necessária grande versatilidade para conseguir triunfar perante especialistas nas quatro superfícies e é raríssimo (são agora seis os que o conseguiram) ter jogo para vencer em torneios de 2 semanas, com partidas disputadas a 5 sets, em todas elas. Quando Nadal, no ano passado, venceu a sua "besta negra": Federer no seu habitat natural, a relva de Wimbledon, e depois de calvalgar para a vitória na Austrália, todos pensaram que o seu reinado nunca iria abdicar da sua capital: a terra batida de Roland Garros e que, no final do ano, nos Estados Unidos, Nadal conseguiria chegar ao cume primeiro. Não foi assim. Nadal perdeu logo nos quartos de final com um especialista em terrenos mais rápidos, que podem ser muito complicados quando aprendem a movimentar-se na terra batida e Federer não enjeitou a oportunidade, recebendo da mãos do próprio Agassi o trofeu que lhe faltava lá em casa.
Não tenho a menor dúvida que, se não for neste mesmo ano, dentro de pouco tempo Nadal estará a inscrever o nome no troféu norte-americano e nessa muito exclusiva lista de "all-time greats". Até lá, prestemos homenagem a Roger Federer, o que muitos consideram, provavelmente, o mais perfeito executante a alguma vez entrar num court de ténis.

6 de maio de 2009

Eighties, pt. 2

Os comentários às prestações dos jogadores portugueses no Estoril Open deste ano são revivalismo puro.

Gostei particularmente da parte em que o jornalista Alexandre Albuquerque disse que os portugueses em competição no primeiro dia da prova brilharam a grande altura e bateram o pé aos seus adversários.

Pena é que, muito no estilo daquela selecção de futebol que era "Futre+10", tenham perdido os jogos todos.

Eighties

Com a crise, sinto o meu país cada vez mais parecido com aquilo que era nos anos '80.

22 de abril de 2009

Momento WTF do dia - 21/04/09


Quatro engenheiros da Qimonda-Portugal vão representar o nosso país na Global Management Challenge. Vai-lhes ser entregue uma "empresa" de que eles terão que extrair os melhores resultados.

Será que vão conseguir não levar esta à falência?
Stay tuned.

21 de abril de 2009

Momento WTF do dia - 20/04/09


Achei amorosa a maneira como o pivot da RTP, João Adelino Faria, disse que o Presidente Ahmadinejad tinha feito um discurso negacionista na conferência da ONU dedicada ao racismo. O discurso foi muitas coisas, uma delas acabada em "ota", e faz do Presidente do Irão uma outra acabadas em "ino" (que não "Adelino") e até algumas acabadas em "ista", mas negacionista é que o discurso não foi de certeza.

Se quiserem os factos, antes de tudo, desliguem a televisão. Depois, venham aqui, aqui ou até mesmo aqui e perceberão melhor o que se passou.

Enterro

Declaro o óbito do blog "Extremo Ocidente". Embora lhe tenha importado os posts para aqui, vou deixar, por ora, que jaza ali onde está.
O que acontece é que, entre este espaço e o outro, arranjei onde lhe ocupassem o lugar. E gostava de dizer que não será esquecido, só porque ficava bem, mas não tenho a certeza de que isso aconteça (ou tenha já acontecido).

10 de abril de 2009

Aviso

Saibam os mais incautos que este blog foi palco de uma mentirinha de 1 de Abril.
Algo foi aqui escrito que não corresponde à verdade; que é, aliás, diametralmente contrário à verdade em todos e cada um dos seus termos.

6 de abril de 2009

The final jump

Two weeks is usually a good mourning period. I don't know where society took it from, but the official leave of absence grated to someone that has lost a loved one is precisely two weeks, and it sounds just about right.

It has been two weeks since I saw the final episode of the TV series I've followed the closest lately (it aired some two weeks before that, but I only saw it later). The mouring period passed, I now bring myself to speak of it.

I won't spend too much time explaining myself or what kept me hooked. I wont tell you about "her", a ship that is like a sub in many respects, much like an aircraft carrier in many others. Nor will I tell you about them: Adama and Roslin, with great performances by Olmos and McDonnell; Appolo, Starbuck and Baltar, that were at the very essence of the re-imaging that turned to original concept on its head and gave a fresh, intense new look and feel to it. I will not lose a moments time going into the plot twists, the implications and the ontological statement it makes thoughout and, especially, at the end of it all.

It did appeal to the nerdiest in me and, deep down, I realise it's attempt at phylosophy is far from being completely convincing. But in so far as it really tried, as it really gave a good wack at it, Battlestar Galactica sure kept me glued to the computer screen.

I will indeed not spend too much time on it, but I will tell you this:
"The Cylons Were Created by Man.
They Rebelled.
They Evolved.
They Look and Feel Human.
Some are programmed to think they are Human.
There are many copies.
And they have a Plan."
However,
"Fleeing from the Cylon tyranny, the last Battlestar, Galactica, leads a ragtag, fugitive fleet, on a lonely quest, for a shining planet known as Earth."